O fogo que na branda cera ardia,
Vendo o rosto gentil, que eu na alma vejo,
Se acendeu de outro fogo do desejo
Por alcançar a luz que vence o dia.
Como de dois ardores se incendia,
Da grande impaciência fez despejo,
E, remetendo com furor sobejo,
Vos foi beijar na parte onde se via.
Ditosa aquela flama que se atreve
A apagar seus ardores e tormentos
Na vista a quem o sol temores deve!
Namoram-se, Senhora, os Elementos
De vós, e queima o fogo aquela neve
Que queima corações e pensamentos.
sexta-feira, 22 de março de 2013
quinta-feira, 21 de março de 2013
POEMA DO DIA
Oh como se me alonga de ano em ano
A peregrinação cansada minha!
Como se encurta, e como ao fim caminha
Este meu breve e vão discurso humano!
Minguando a idade vai, crescendo o dano;
Perdeu-se-me um remédio, que inda tinha;
Se por experiência se adivinha,
Qualquer grande esperança é grande engano.
Corro após este bem que não se alcança;
No meio do caminho me falece;
Mil vezes caio, e perco a confiança.
Quando ele foge, eu tardo; e na tardança,
Se os olhos ergo a ver se inda aparece,
De vista se me perde, e da esperança.
A peregrinação cansada minha!
Como se encurta, e como ao fim caminha
Este meu breve e vão discurso humano!
Minguando a idade vai, crescendo o dano;
Perdeu-se-me um remédio, que inda tinha;
Se por experiência se adivinha,
Qualquer grande esperança é grande engano.
Corro após este bem que não se alcança;
No meio do caminho me falece;
Mil vezes caio, e perco a confiança.
Quando ele foge, eu tardo; e na tardança,
Se os olhos ergo a ver se inda aparece,
De vista se me perde, e da esperança.
quarta-feira, 20 de março de 2013
POEMA DO DIA
Está-se a Primavera trasladando
Em vossa vista deleitosa e honesta;
Nas belas faces, e na boca e testa,
Cecéns, rosas, e cravos debuxando.
De sorte, vosso gesto matizando,
Natura quanto pode manifesta,
Que o monte, o campo, o rio, e a floresta,
Se estão de vós, Senhora, namorando.
Se agora não quereis que quem vos ama
Possa colher o fruto destas flores,
Perderão toda a graça os vossos olhos.
Porque pouco aproveita, linda Dama,
Que semeasse o Amor em vós amores,
Se vossa condição produz abrolhos.
Em vossa vista deleitosa e honesta;
Nas belas faces, e na boca e testa,
Cecéns, rosas, e cravos debuxando.
De sorte, vosso gesto matizando,
Natura quanto pode manifesta,
Que o monte, o campo, o rio, e a floresta,
Se estão de vós, Senhora, namorando.
Se agora não quereis que quem vos ama
Possa colher o fruto destas flores,
Perderão toda a graça os vossos olhos.
Porque pouco aproveita, linda Dama,
Que semeasse o Amor em vós amores,
Se vossa condição produz abrolhos.
quinta-feira, 14 de março de 2013
POEMA DO DIA
Quando da bela vista e doce riso
Tomando estão meus olhos mantimento,
Tão elevado sinto o pensamento,
Que me faz ver na terra o Paraíso.
Tanto do bem humano estou diviso,
Que qualquer outro bem julgo por vento:
Assim que em termo tal, segundo sento,
Pouco vem a fazer quem perde o siso.
Em louvar-vos, Senhora, não me fundo;
Porque quem vossas graças claro sente,
Sentirá que não pode conhecê-las.
Pois de tanta estranheza sois ao mundo,
Que não é de estranhar, dama excelente,
Que quem vos fez, fizesse céu e estrelas.
Tomando estão meus olhos mantimento,
Tão elevado sinto o pensamento,
Que me faz ver na terra o Paraíso.
Tanto do bem humano estou diviso,
Que qualquer outro bem julgo por vento:
Assim que em termo tal, segundo sento,
Pouco vem a fazer quem perde o siso.
Em louvar-vos, Senhora, não me fundo;
Porque quem vossas graças claro sente,
Sentirá que não pode conhecê-las.
Pois de tanta estranheza sois ao mundo,
Que não é de estranhar, dama excelente,
Que quem vos fez, fizesse céu e estrelas.
sábado, 9 de março de 2013
À PRATADA
Dez horas da madrugada,
Começou a patuscada
E fez se o prato do dia,
Era eu e o Capela
Cada um com sua panela
E o forno não aquecia.
Estava já a carne no molho!
E antes que a gente venha,
Acenda me o forno a lenha!
Dizia eu pro Piolho.
Entre a salada e pão
Chegará pros que aqui estão,
E mais alguns que vierem!
Devem ser uns seis ou sete,
Codornizes e espaguete,
Só comem os que quiserem!
Esse espaguete não basta,
Capela, se não me engano!
Também vem o italiano
E eles gostam muito de pasta!
Servimos primeiro a sopa
Porque a comida era pouca,
Que comam sopa com pão!
O Vinny vai pra panela
Deu um encontrão no Capela,
Atirou-lhe o prato ao chão!
Na mesa, mesmo ao final;
Ouve-se a voz dum fulano,
É pá! Esse italiano;
Come como um animal!
Já um pouco atrasado
Chega o policia do estado
Que o Jorge convidou,
Espreitou pra dentro do tacho,
Olhou pra cima e pra baixo
Parece que não gostou!
Eu disse ao Jorge, e agora?
Eu preparo-lhe outro prato!
Ele disse; esse gajo é chato
Deixa-o, que se vaia embora!
Tomba Lobos reclama
Agora ninguém me chama
Ja me estão a desprezar?
Sabem que eu que sempre venho
E o dinheiro que tenho
Não me importo de o gastar!
Mas eu convosco não ralho
Nem aqui faço alvoroço,
O que há amanha pro almoço?
Pergunta ele ao Carvalho.
O Basílio ao o ouvir
Foi pronto a retorquir,
O que estas tu a dizer?
Para lá com a sacanagem
Que eu deixei te uma mensagem,
Para tu vires comer!
Vai ver ao teu telefone
Tu vê lá bem o que dizes!
Hoje havia codornizes,
Tu é que não tinhas fome!
Ambiente à portuguesa,
Bastante vinho na mesa
Comeu e bebeu-se à rica,
Levantei-me eu, e então!
Preparo a televisão
Que ia jogar o Benfica.
Começou a dar a bola
Alguns já estavam borrachos!
Pra cozinha lavar tachos,
Foi o amigo Viola.
Nisto chegou o Cortiço,
Quis armar um reboliço!
Talvez por ser do dragão?
Estava o Benfica a jogar,
E ele punha-se a dançar
Em frente à televisão!
Só lhe deram uma gritada
Que era tudo boa gente,
Talvez noutro ambiente
Levasse alguma trancada!
O dia acabou em cheio
Com umas cervejas pro meio,
E o Cortiço acalmou!
Mas antes de se ir embora,
Ele foi fumar lá pra fora
E Benfica até ganhou!
Não houve mais sobressalto
A malta toda animada,
Dragões de chama apagada
E águia voou mais alto!
Começou a patuscada
E fez se o prato do dia,
Era eu e o Capela
Cada um com sua panela
E o forno não aquecia.
Estava já a carne no molho!
E antes que a gente venha,
Acenda me o forno a lenha!
Dizia eu pro Piolho.
Entre a salada e pão
Chegará pros que aqui estão,
E mais alguns que vierem!
Devem ser uns seis ou sete,
Codornizes e espaguete,
Só comem os que quiserem!
Esse espaguete não basta,
Capela, se não me engano!
Também vem o italiano
E eles gostam muito de pasta!
Servimos primeiro a sopa
Porque a comida era pouca,
Que comam sopa com pão!
O Vinny vai pra panela
Deu um encontrão no Capela,
Atirou-lhe o prato ao chão!
Na mesa, mesmo ao final;
Ouve-se a voz dum fulano,
É pá! Esse italiano;
Come como um animal!
Já um pouco atrasado
Chega o policia do estado
Que o Jorge convidou,
Espreitou pra dentro do tacho,
Olhou pra cima e pra baixo
Parece que não gostou!
Eu disse ao Jorge, e agora?
Eu preparo-lhe outro prato!
Ele disse; esse gajo é chato
Deixa-o, que se vaia embora!
Tomba Lobos reclama
Agora ninguém me chama
Ja me estão a desprezar?
Sabem que eu que sempre venho
E o dinheiro que tenho
Não me importo de o gastar!
Mas eu convosco não ralho
Nem aqui faço alvoroço,
O que há amanha pro almoço?
Pergunta ele ao Carvalho.
O Basílio ao o ouvir
Foi pronto a retorquir,
O que estas tu a dizer?
Para lá com a sacanagem
Que eu deixei te uma mensagem,
Para tu vires comer!
Vai ver ao teu telefone
Tu vê lá bem o que dizes!
Hoje havia codornizes,
Tu é que não tinhas fome!
Ambiente à portuguesa,
Bastante vinho na mesa
Comeu e bebeu-se à rica,
Levantei-me eu, e então!
Preparo a televisão
Que ia jogar o Benfica.
Começou a dar a bola
Alguns já estavam borrachos!
Pra cozinha lavar tachos,
Foi o amigo Viola.
Nisto chegou o Cortiço,
Quis armar um reboliço!
Talvez por ser do dragão?
Estava o Benfica a jogar,
E ele punha-se a dançar
Em frente à televisão!
Só lhe deram uma gritada
Que era tudo boa gente,
Talvez noutro ambiente
Levasse alguma trancada!
O dia acabou em cheio
Com umas cervejas pro meio,
E o Cortiço acalmou!
Mas antes de se ir embora,
Ele foi fumar lá pra fora
E Benfica até ganhou!
Não houve mais sobressalto
A malta toda animada,
Dragões de chama apagada
E águia voou mais alto!
quarta-feira, 6 de março de 2013
POEMA DO DIA
Com grandes esperanças já cantei,
Com que os deuses no céu eu conquistara;
Depois vim a chorar porque cantara,
E agora choro já porque já chorei.
Se cuido nas passadas que já dei,
Custa-me esta lembrança só tão cara,
Que a dor de ver as mágoas que passara,
Tenho por amor a mágoa que passei.
Pois logo, se está claro que um tormento
Dá causa que outro na alma se acrescente,
Já nunca posso ter contentamento.
Mas esta fantasia se me mente?
Oh ocioso e cego pensamento!
Ainda eu imagino em ser contente?
Com que os deuses no céu eu conquistara;
Depois vim a chorar porque cantara,
E agora choro já porque já chorei.
Se cuido nas passadas que já dei,
Custa-me esta lembrança só tão cara,
Que a dor de ver as mágoas que passara,
Tenho por amor a mágoa que passei.
Pois logo, se está claro que um tormento
Dá causa que outro na alma se acrescente,
Já nunca posso ter contentamento.
Mas esta fantasia se me mente?
Oh ocioso e cego pensamento!
Ainda eu imagino em ser contente?
domingo, 3 de março de 2013
POEMA DO DIA
Quando de minhas mágoas a comprida
Imaginação nos olhos me adormece,
Em sonhos aquela alma me aparece,
Que para mi foi sonho nesta vida.
Lá numa saudade, onde estendida
A vista por o campo desfalece,
Corro após ela; e ela então parece
Que mais de mim se alonga, compelida.
Não me fujais, sombra menina.
Com os olhos em mim, como num beijo,
Como quem diz que já não pode ser
Torna a fugir-me; e não a torno a ver
E antes que diga amor, acordo, e vejo
Que nem um breve engano posso ter.
Imaginação nos olhos me adormece,
Em sonhos aquela alma me aparece,
Que para mi foi sonho nesta vida.
Lá numa saudade, onde estendida
A vista por o campo desfalece,
Corro após ela; e ela então parece
Que mais de mim se alonga, compelida.
Não me fujais, sombra menina.
Com os olhos em mim, como num beijo,
Como quem diz que já não pode ser
Torna a fugir-me; e não a torno a ver
E antes que diga amor, acordo, e vejo
Que nem um breve engano posso ter.
sábado, 2 de março de 2013
POEMA DO DIA
Quando o Sol encoberto vai mostrando
Ao mundo a luz quieta e duvidosa,
Ao longo de uma praia deleitosa
Vou na minha vida imaginando.
Aqui a vi, os cabelos concertando;
Ali, com a mão na face tão, formosa;
Aqui falando alegre, ali cuidosa;
Agora estando quieta, agora andando.
Aqui esteve sentada, ali me viu,
Erguendo aqueles olhos, tão isentos;
Aqui movida um pouco, ali segura.
Aqui se entristeceu, ali se riu.
E, enfim, nestes cansados pensamentos
Passo esta vida vã, que sempre dura.
Ao mundo a luz quieta e duvidosa,
Ao longo de uma praia deleitosa
Vou na minha vida imaginando.
Aqui a vi, os cabelos concertando;
Ali, com a mão na face tão, formosa;
Aqui falando alegre, ali cuidosa;
Agora estando quieta, agora andando.
Aqui esteve sentada, ali me viu,
Erguendo aqueles olhos, tão isentos;
Aqui movida um pouco, ali segura.
Aqui se entristeceu, ali se riu.
E, enfim, nestes cansados pensamentos
Passo esta vida vã, que sempre dura.
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