De vós me parto, ó vida, e em tal mudança
Sinto vivo da morte o sentimento.
Não sei para que é ter contentamento,
Se mais há de perder quem mais alcança!
Mas dou-vos esta firme segurança:
Que, posto que me mate o meu tormento,
Pelas águas do eterno esquecimento
Segura passará minha lembrança.
Antes sem vós meus olhos se entristeçam,
Que com coisas outra alguma se contentem:
Antes os esqueçais, que vos esqueçam.
Antes nesta lembrança se atormentem,
Que com esquecimento desmereçam
A glória que em sofrer tal pena sentem.
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