Depois da minha transferência para Buffalo a quinze de Agosto dois
mil e onze, encontrei me numa situação peculiar. Como tinha dois
automóveis e não dá para conduzir mais que um de cada vez, teve que
deixar um deles em Indiana. No dia vinte e seis de agosto resolvi fazer
uma viagem de comboio entre Buffalo e Indiana para depois conduzir o
segundo automóvel no regresso. O plano não parecia fora de normal, até
chegar á estação de comboios da Amtrak e ver, a tão diversificada
clientela da linhas ferroviária Americanas, pelo menos nos meios rurais. É claro que que somos todos
filhos de Deus, e eu não me sinto mais nem menos que qualquer outro ser
humano, mas será que Deus estava cansado quando moldou algumas destas
almas!.. Dá para ver que há muita miséria neste país que se diz rico,
bem, é rico em tudo, ate na miséria.
Aqui dava para ver
de tudo, senhoras com hábitos árabes, mas a dominar perfeitamente a
língua americana, outra, que manteve palestra com a do habito durante as
duas horas que esperava-mos o comboio, que acabaria por chegar com uma
hora de atraso, parecia ser da mesma cultura mas já mais vestida, ou
diga-se menos vestida, pois os calções de ganga que vestia não deixavam
muito para a imaginação, mas por acaso ate tinha um pernil bem feito,
não fosse o odor que me penetravas as narinas quando ela mexia os braços
com movimentos mais ríspidos, até me atrevia a dizer que era atractiva.
Mais ao fundo do salão de espera, um sujeito com duas
malas de viagem que pareciam estar vazias, deitava-se sobre três
cadeiras e dormia a sua soneca, de vez em quando poluindo o ar com uns
traques bem ruidosos.
Comecei a sentir uma comichão nas
pernas como que as pulgas estivessem prontas para me atacar, seria que
isto era mesmo verdade, não posso crer que no ano dois mil e onze, nos
Estados Unidos da América, ainda exista destas coisas.
Serei
eu, que por não estar acostumado a estas andanças, critique mais por
saber menos sobre as classes menos afluentes deste país. Espero que não,
pelo menos espero que eu não chegue a ver tal tragédia, mas pelo que
tudo indica, esta grande nação tem um futuro pouco brilhante, será que
não aprendem com o país vizinho mais ao norte, que apenas autorizam e
legalizam pessoas formadas, ou pelo menos com uma profissão que traga
uma mais valia para o país. A pergunta deles é sempre, o que que você
tem para oferecer ao Canada? E dão se ao luxo de extraditar povo como o
nosso, honesto e trabalhador. Bem, mas no que diz respeita á minha
viagem; os bancos do comboio não tinham absolutamente nada de
confortáveis, e como o pessoal americano é quase todo "large", sentou se
ao meu lado uma trave!...É que não deu mesmo para fechar a pestana.
Quando começou a espreitar a luz da madrugada, tentei admirar a paisagem
mas pouco ou nada tinha que oferecer. Claro que os senhores fulanos de
tal não iam viver junto á linha do comboio e aturar esse ruído dos
carris ferroviários dia após dia, noite após noite. Por isso , toca ás
pessoas mais menos afluentes, viver junto aos caminhos de ferro. Tudo
isso era bem evidente nas habitações degradadas, barracões de Madeira a
cair, automóveis antigos a serem comidos pela ferrugem e de vez e quando
lá aparecia um campo de milho ou feijão soja a dar o seu ar de graça.
Como habitante deste país à mais de 35 anos, foi a primeira vez que me
aventurei a usar transportes ferroviários, embora a experiência não
fosse terrível, também não me deixou com saudades de voltar a ter outra
aventura na linha.
Sem comentários:
Enviar um comentário