quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

"ESTAR COM A MOSCA"

Simpatia e bom fundo.
Na Europa, alguém que não consiga “fazer mal a uma mosca” é unanimemente considerado simpático.
Os gestos impulsivos (de presidentes dos EUA ou outros) não têm lugar seja na Alemanha (“er könnte keiner Fliege etwas zu Leide tun”), em Espanha (“No haría daño ni a una mosca”), na Suécia (“ej göra en fluga förnär”) ou mesmo na Letónia (“neizdarīs mušai pāri”): não ferir o insecto é considerado sinal de gentileza de carácter.
 Mas é sabido que “o hábito não faz o monge”, cá como em França. O que, para os ingleses traz mosca no bico, desconfiados de pessoas predispostas a gentilezas: “He looks like he wouldn' t hurt a fly, but he's a wolf in sheep' s clothing”, com a fleuma a adivinhar-lhes “um lobo com pele de cordeiro” (como diriam franceses, espanhóis ou portugueses).
Voltemos à vaca fria. No tempo do Rei Sol, as mulheres vaidosas divertiam-se a colar sinais falsos que salientavam a brancura da sua pele de pêssego: esta “mouche” como lhe chamavam, destinava-se a atrair os homens que caíam “como moscas no mel”, nos jardins de Versalhes. Se o cavalheiro em questão tivesse o ar desprezível de um besouro gordo, para mais com uma mosquinha de pêlo no queixo, e isso as fizesse “ficar com a mosca”, podiam mandá-lo “faire la mouche”, ou em alemão “Mach die Fliege”. E assim, de leque em punho, as “coquettes” da Corte atingiam o seu objectivo, afastando os candidatos de menor qualidade. Algumas “ficavam moscas”…
Porquê? Alguma mosca lhes teria mordido?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

"A MAIS GRACIOSA"

Com as temperaturas frígidas que se fazem sentir na América do norte no inverno, geralmente o destino dos que gostam de passear é quase sempre o sul do pais, á procura de temperaturas mais apetecíveis.
Mas como remar contra a maré e quase sempre o meu costume e um desafio do meu agrado, na ultima semana de Janeiro resolvi fazer exactamente o contrario, voltei costas ao sol e em vez de aquecer o corpo, resolvi aquecer a alma.
Longe vai o tempo em que atravessar a fronteira entre os EUA/Canada era um feito fácil, a que se dava muito pouca importância. O onze de Setembro modificou, e muito, o mundo em que vivemos, pelo menos no que diz respeito a entrar e sair dos EUA, á bem pouco tempo, apenas com a carta de condução valida, era permitida a travessia entre o pais vizinho, (o da parte norte claro, o do sul já era um pouco mais complicado) hoje em dia, não só é necessário o passaporte em dia, como também somos sujeitos a uma interrogação intensiva.
Após ter sido interrogado e passada uma revista ao meu pickup pelo oficial de fronteiras, foi-me concedida entrada ao Canada, país que continua a honrar a rainha da Inglaterra e orgulha-se em manter um sistema muito semelhante ao europeu, embora que com as costas bem aconchegadas pelo império Norte Americano.
A viagem correu bastante bem, tendo em conta que quatro das seis horas transitei debaixo de uma queda de neve intensa, com o piso completamente congelado e observei o maior numero de despistes da minha vida, espero que nenhum tenha causado fatalidades. Mas como diz o ditado, “ quem corre por gosto não cansa” la segui viagem até Toronto. A parte dianteira do meu pickup estava completamente coberta por uma camada de gelo preto que nem dava para reconhecer a marca, mas felizmente cheguei sem sofrer qualquer prejuízo material ou pessoal.
De louvar, é a forma como os Canadianos limpam as suas estradas, especialmente as vias rápidas, com quatro camiões com remove-dor de neve, mantendo o primeiro na faixa da esquerda um pouco mais adiantado que o segundo, e assim sucessivamente até ao quarto, dá para ver que enfrentam Invernos rigorosos ano após ano, e com a pratica aperfeiçoaram estas manobras.
Na zona de Toronto o tempo estava bastante agradável, com temperaturas baixas mas um dia de sol brilhante, como que a querer dizer que a primavera já vinha a caminho.
Depois de passar com o pickup por uma lavagem automática, um almoço leve, uma sobremesa de primeira classe e fazer umas compras num super mercado português, segui para Toronto.
Já no coração da cidade, (na Dundas Street) comprei dois pães de milho branco e deliciei-me a ver a variedade de pastelaria portuguesa, como pasteis de nata, palmiers, bolos de arroz e muitos mais, mas não me atrevi a comprar nenhuns, não só porque não sou muito guloso, mas com a minha idade, á que ter um pouco de cuidado, ou as calcas não servem.
Para o jantar fui ao Piri-Piri, um restaurante bem português, que dava para ver, pela sua lotação quase completamente esgotada, que a comida devia ser de boa qualidade e bem confeccionada.
Como aperitivo, começamos com umas gambas a la plancha e uma dúzia de mexilhões tipo a-bolhão-pato, seguido de uma posta de garoupa grelhada com batata cozida e legumes. A comida estava bem confeccionada e era fresca, os empregados simpáticos e atenciosos, alguns ate é em demasia, mas o vinho da casa não o aconselho, era muito pior do que o que eu faço. Também achei os preços bastante elevados, isto em comparação com os EUA, é claro que eu não vivo ali o dia a dia para poder avaliar se os preços estão ao nível da competição local.
A noite terminou em cheio com um bom pé de dança no clube Graciosa, já não me lembro a ultima vez que dancei tanto, as pessoas eram muito amistosas, (embora que poucas) o que já é costume na nossa gente de sangue português, mas o maior agradecimento vai para quem me acompanhou, pessoas assim são uma raridade e só lhes podemos desejar o melhor na vida, sempre bem acompanhadas por Deus.