quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

"ESTAR COM A MOSCA"

Simpatia e bom fundo.
Na Europa, alguém que não consiga “fazer mal a uma mosca” é unanimemente considerado simpático.
Os gestos impulsivos (de presidentes dos EUA ou outros) não têm lugar seja na Alemanha (“er könnte keiner Fliege etwas zu Leide tun”), em Espanha (“No haría daño ni a una mosca”), na Suécia (“ej göra en fluga förnär”) ou mesmo na Letónia (“neizdarīs mušai pāri”): não ferir o insecto é considerado sinal de gentileza de carácter.
 Mas é sabido que “o hábito não faz o monge”, cá como em França. O que, para os ingleses traz mosca no bico, desconfiados de pessoas predispostas a gentilezas: “He looks like he wouldn' t hurt a fly, but he's a wolf in sheep' s clothing”, com a fleuma a adivinhar-lhes “um lobo com pele de cordeiro” (como diriam franceses, espanhóis ou portugueses).
Voltemos à vaca fria. No tempo do Rei Sol, as mulheres vaidosas divertiam-se a colar sinais falsos que salientavam a brancura da sua pele de pêssego: esta “mouche” como lhe chamavam, destinava-se a atrair os homens que caíam “como moscas no mel”, nos jardins de Versalhes. Se o cavalheiro em questão tivesse o ar desprezível de um besouro gordo, para mais com uma mosquinha de pêlo no queixo, e isso as fizesse “ficar com a mosca”, podiam mandá-lo “faire la mouche”, ou em alemão “Mach die Fliege”. E assim, de leque em punho, as “coquettes” da Corte atingiam o seu objectivo, afastando os candidatos de menor qualidade. Algumas “ficavam moscas”…
Porquê? Alguma mosca lhes teria mordido?

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