sábado, 18 de agosto de 2012

AVENTURA NA LINHA

Depois da minha transferência para Buffalo a quinze de Agosto dois mil e onze, encontrei me numa situação peculiar. Como tinha dois automóveis e não dá para conduzir mais que um de cada vez, teve que deixar um deles em Indiana. No dia vinte e seis de agosto resolvi fazer uma viagem de comboio entre Buffalo e Indiana para depois conduzir o segundo automóvel no regresso. O plano não parecia fora de normal, até chegar á estação de comboios da Amtrak e ver, a tão diversificada clientela da linhas ferroviária Americanas, pelo menos nos meios rurais. É claro que que somos todos filhos de Deus, e eu não me sinto mais nem menos que qualquer outro ser humano, mas será que Deus estava cansado quando moldou algumas destas almas!.. Dá para ver que há muita miséria neste país que se diz rico, bem, é rico em tudo, ate na miséria.
Aqui dava para ver de tudo, senhoras com hábitos árabes, mas a dominar perfeitamente a língua americana, outra, que manteve palestra com a do habito durante as duas horas que esperava-mos o comboio, que acabaria por chegar com uma hora de atraso, parecia ser da mesma cultura mas já mais vestida, ou diga-se menos vestida, pois os calções de ganga que vestia não deixavam muito para a imaginação, mas por acaso ate tinha um pernil bem feito, não fosse o odor que me penetravas as narinas quando ela mexia os braços com movimentos mais ríspidos, até me atrevia a dizer que era atractiva.
Mais ao fundo do salão de espera, um sujeito com duas malas de viagem que pareciam estar vazias, deitava-se sobre três cadeiras e dormia a sua soneca, de vez em quando poluindo o ar com uns traques bem ruidosos.
Comecei a sentir uma comichão nas pernas como que as pulgas estivessem prontas para me atacar, seria que isto era mesmo verdade, não posso crer que no ano dois mil e onze, nos Estados Unidos da América, ainda exista destas coisas.
Serei eu, que por não estar acostumado a estas andanças, critique mais por saber menos sobre as classes menos afluentes deste país. Espero que não, pelo menos espero que eu não chegue a ver tal tragédia, mas pelo que tudo indica, esta grande nação tem um futuro pouco brilhante, será que não aprendem com o país vizinho mais ao norte, que apenas  autorizam e legalizam pessoas formadas, ou pelo menos com uma profissão que traga uma mais valia para o país. A pergunta deles é sempre, o que que  você  tem para oferecer ao Canada? E dão se ao luxo de extraditar povo como o nosso, honesto e trabalhador.  Bem, mas no que diz respeita á minha viagem; os bancos do comboio não tinham absolutamente nada de confortáveis, e como o pessoal americano é quase todo "large", sentou se ao meu lado uma trave!...É que não deu mesmo para fechar a pestana. Quando começou a espreitar a luz da madrugada, tentei admirar a paisagem mas pouco ou nada tinha que oferecer. Claro que os senhores fulanos de tal não iam viver junto á linha do comboio e aturar esse ruído dos carris ferroviários dia após dia, noite após noite. Por isso , toca ás pessoas mais menos afluentes, viver junto aos caminhos de ferro. Tudo isso era bem evidente nas habitações degradadas, barracões de Madeira a cair, automóveis antigos a serem comidos pela ferrugem e de vez e quando lá aparecia um campo de milho ou feijão soja a dar o seu ar de graça. Como habitante deste país à mais de 35 anos, foi a primeira vez que me aventurei a usar transportes ferroviários, embora a experiência não fosse terrível, também não me deixou com saudades de voltar a ter outra aventura na linha. 

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